Virgílio Jacinto é um ceramista tradicional cuja oficina fica situada numa pequena aldeia, Nadadouro, entre as Caldas da Rainha e a Foz do Arelho. Toda a sua vida foi dedicada à cerâmica, tendo começado a trabalhar aos 16/17 anos na oficina de Francisco Oliveira Mendes, por alcunha o “Licas”, onde ocupou o lugar de 1.º forneiro. Quando, mais tarde, a fábrica foi comprada pelo Dr. Mesquita de Oliveira o trabalho passou a ser liderado pelo “Licas”. Esta fábrica, situada no Alto do Nobre, toma o nome de Kerangol. Aqui, Virgílio ocupa o lugar de chefe forneiro, ao mesmo tempo que faz pratos decorados. Virgílio Jacinto é um homem para todo o serviço: faz as peças em barro e a seguir cabe-lhe a tarefa de as ornamentar. É então que começam a surgir as lagostas, as ameijoas, os mexilhões, os caranguejos, toda uma miscelânea de vida marinha, essencialmente mariscos, ornamentando pratos de base verde. Entretanto a Kerangol fechou. Virgílio Jacinto, fica desempregado, mas não inativo, pois cria, na sua casa, uma oficina onde continua a fazer os pratos com mariscos, mas também com galinhas, galos, patos, repolhos, couves, terrinas e canecas – algumas malandrecas -, trabalho que ainda hoje continua a fazer. Virgílio é um operário ceramista tradicional caldense, característica que se reflete tanto na decoração das suas peças, como nos métodos que utiliza. As suas peças são feitas em enchimento (calda) e em barro, ao Joule. Chegou a exportar loiça para a Polónia, E.U., Inglaterra e Espanha. Atualmente só faz peças por encomenda e só vende para o mercado interno. É certamente um dos poucos, quem sabe se um dos últimos ceramistas que se dedica à cerâmica dita tradicional caldense.