Ernesto José Bento Agostinho é um dos tais ceramistas que nasceu rodeado de barro. O pai, operário na Fábrica Bordalo Pinheiro e que no seu tempo livre trabalha o barro em casa, ajudado pela D. Cassilda, sua mulher; na oficina Ernesto José, miúdo traquinas ia tendo contacto com aquela massa maleável que permite criar as mais diversas formas. Ernesto José, nasce em 11/03/1968, no lugar com maior índice da natalidade no nosso país, a Maternidade Dr. Alfredo da Costa, vindo logo para as Caldas da Rainha. Após feita a escolaridade básica, aos 17 anos inscreve-se no CENCAL, para frequentar o curso de “Cerâmica”, a completar a experiencia que já tinha adquirida na oficina familiar. A profissão de Ernesto José não é ser ceramista; ele é ferroviário há 22 anos e nos seus tempos livres é que se dedica à herança recebida dos pais. Ernesto José é um continuador da tradicional cerâmica caldense, apelidada de fálica. Estas peças ou são bem aceites ou são detestadas; há quem as não considere obras de arte, são sim peças brejeiras, malandrotas a utilizar em situações festivas muitos especiais. De formas várias e de tamanhos variados, são as peças constantemente conotadas com as Caldas da Rainha; jarros ou canecas, são peças vidradas no seu interior, permitindo deste modo conter líquidos. Exteriormente são pintadas com tintas frias. Os jarros – nome habitualmente conferido ao falo -, contêm na parte inferior o formato do sexo feminino. Goste-se ou não, são estas as peças cerâmicas mais procuradas e mais vendidas da chamada louça brejeira das Caldas. A par destas peças existem também os chamados ”bonecos de cordel”, que são também peças brejeiras, utilizadas em momentos maliciosos surpreendendo quem puxa o cordel. Ernesto José cria bonecos de cordel para todas as profissões, ninguém escapa, da profissão mais púdica à mais provocadora. Ernesto José recebe encomendas de todo o país, destas peças criadas em argila branca, originária da zona de Leiria.